segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Gene HER2

O HER2 é um gene que codifica uma proteína do mesmo nome. Outros nomes que podem ser aplicados são: ERBB2, c-erb-b2 e c-neu.
Este gene está amplificado em cerca de 20% dos casos de ca de mama, ou seja, o número de genes por célula do tumor é maior que o número normal (cada gene normalmente tem sempre duas cópias, também chamadas de alelos).
Há duas maneiras de testar o HER2, que são complementares.

1) Imunohistoquímica: usa anticorpos que se ligam à proteína Her-2. Esta reação é visualizada ao microscópio pelo MÉDICO PATOLOGISTA, que classifica os casos em:

- Zero, 1+,2+ e 3+.

Os casos Zero e 1+ são considerados NEGATIVOS.
Os casos 3+ são considerados POSITIVOS
Os casos 2+ são considerados DUVIDOSOS, devendo ser confirmados por FISH, como segue.

2) FISH (Hibridização in situ por fluorescência): Neste estudo usa-se sondas de DNA marcadas com pigmentos coloridos. Usam-se duas sondas: uma direcionada ao gene Her2 e outra relacionada ao centrômero (área central) do cromossomo 17, que é onde o gene fica. Contam-se várias células ao microscópio e por fim, divide-se a média do número de genes pela média do número de cromossomos, classificando-se os casos da seguinte maneira:

Negativos (não amplificado): valor <1,8
Duvidosos: valor entre 1,8 e 2,2
Positivos (amplificado): valor superior a 2,2

É importante entender que a imunohistoquímica é o método inicial de escolha. FISH é um método complementar.
A imunohistoquímica avalia a PROTEÍNA, que é o produto do GENE.
O FISH avalia o GENE.

A presença desta amplificação caracteriza tumores mais agressivos. Entretanto, há uma droga que bloqueia ESPECIFICAMENTE ESTA PROTEÍNA, o TRASTUZUMABE (Herceptin®). Esta droga só é efetiva nos casos positivos/amplificados. Além disso, a correta informação do status do HER2 é muito importante para o oncologista planejar a quimioterapia corretamente.

Fontes:
Wolff AC, Hammond ME, Schwartz JN, Hagerty KL, Allred DC, Cote RJ, Dowsett M, Fitzgibbons PL, Hanna WM, Langer A, McShane LM, Paik S, Pegram MD, Perez EA, Press MF, Rhodes A, Sturgeon C, Taube SE, Tubbs R, Vance GH, van de Vijver M, Wheeler TM, Hayes DF; American Society of Clinical Oncology; College of American Pathologists.Abstract
American Society of Clinical Oncology/College of American Pathologists guideline recommendations for human epidermal growth factor receptor 2 testing in breast cancer.
J Clin Oncol. 2007 Jan 1;25(1):118-45

Fibroadenomas e Tumor Phyllodes

Os fibroadenomas são tumores benignos da mama. Apresentam dois componentes, um mesenquimal (~fibroso) e outro epitleililal, sendo os dois benignos. São bastante comuns e podem er múltiplos. Ocorrem em mulheres jovens e tendem a regredir com a idade, especialmente após a menopausa.

Os tumores "Phyllodes" (De "folha"), são parecidos, mas apresentam uma celularidade (quantidade de células observada ao microscópio) do componente mesenquimal superior a dos fibroadenomas. Eles são classificados em benigno maligno e intermediário, dependendo das características deste componente mesenquimal

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

BIRADS nas mamografias. O que é?

Muitas pacientes recebem o laudo de imagem (mamografia, ultrassom e ressonância magnética) e notam que há este item na conclusão.

BIRADS é o termo para "Breast Imaging Reporting and Data System", que foi desenvolvido pelo colégio americano de radiologia e visa padronizar os diagnósticos das mamografias, fornecendo sugestões de confutas apropriadas, baseadas em dados científicos sólidos. São levados em consideração diversas características da lesão, permitindo categorizá-las da seguinte forma:

Categoria Interpretação/Conduta sugerida
Zero- Achados inconclusivos
1- Achados negativos para malignidade./Continuar o rastreamento periódico
2- Achados benignos./ Continuar o rastreamento periódico
3- Achados provavelmente benignos./ Mamografia de seguimento de curto prazo (6 meses), seguida de mamografias a cada 6 a 12 meses por 2 anos
4- anormalidade suspeita./ Biopsiar, preferencialmente por agulha
5- Altamente suspeita para malignidade. / Biopsiar.
6- Casos com diagnóstico já estabelecido de malignidade por biópsia.

As condutas sugeridas podem ser alteradas conforme julgamento do médico assistente.

Há também a categorização por ultrassom e ressonância. Postaremos em outro tópico.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Reconstrução mamária

Estima-se que cerca de 2/3 das pacientes portadoras de câncer de mama optem pela cirurgia conservadora. O maior determinante da escolha, por parte da paciente, de se submeter a uma mastectomia é o medo da recorrência. No que tange à cirurgia conservadora (quadrantectomia) são motivos estéticos.No 1/3 que é submetido à mastectomia, a reconstrução mamária pode ser uma opção a ser oferecida pela equipe médica.
A principal consequência negativa da mastectomia psicossocial- como lidar com a deformidade, refletindo-se em ansiedade, depressão e redução da função sexual.
A decisão de fazer ou não a reconstrução mamária deve ser feita pela paciente, assessorada pela equipe médica multidisciplinar.
Há dois estágios de reconstrução :a) reconstrução da mama (volume mamário) e b) reconstrução do mamilo (chamado complexo areolopapilar).

RECONSTRUÇÃO COM IMPLANTES
a reconstrução pode ser realizada :
- em etapa única: para pacientes com mamas pequenas, pele e músculo peitoral saudáveis, permitindo a colocação imediata do implante. Uma devantagem é que os resultados estéticos podem não ser tão bons quanto os do procedimento em duas etapas, sendo necessária outra cirurgia.
- em duas etapas: após a retirada da mama é colocado um expansor (uma bolsa) na região abaixo do músculo peitoral. Após a cirurgia esta bolsa é progressivamente inflada usando soro fisiológico por cerca de 8 semanas, seguindo-se um período de repouso para a adaptação dos tecidos. Então, é realizada uma nova cirurgia, com a retirada do expansor e colocação da prótese.
Os implantes mais usados são de silicone, e podem ser texturizados ou lisos. Hoje sabe-se que o silicone não provoca alterações neurológicas, imunológicas ou câncer. O risco de vazamento embora pequeno, existe.

RECONSTRUÇÃO COM TECIDOS AUTÓLOGOS (DA PRÓPRIA PACIENTE).
Esta técnica se baseia da colocação de tecidos (pele, músculo, gordura)de outras partes do corpo (abdome, dorso, coxa) no tórax para a reconstrução do volume mamário. O mais usado é o retalho miocutâneo do músculo reto abdominal transverso (TRAM). Nesta técnica uma aba de tecido deste músculo abdominal é dissecada e, mantendo o fluxo sanguíneo normal, é colocada no tórax após a rotação do retalho.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Perfil de 21 genes em cancer de mama

Estudo multi-institucional realizado nos Estados Unidos avaliou 831 pacientes com tumores de mama RH (receptor hormonal)) positivo e sem metástases axilares, utilizando o ensaio de 21 genes.
O ensaio de 21 genes é aprovado para uso em pacientes com ca de mama RH+ sem metástases axilares, forncendo o escore de recorrência. Valores baixos deste escore se associam à melhor sobrevida e menor taxa de resposta à quimioterapia- podendo ser utilizado para selecionar pacientes para o tratamento hormonal exclusivo, sem quimioterapia, sem prejuízo para os resultados.
Neste estudo (Journal of Clinical Oncology, Vol 26, No 25 (September 1), 2008), os autores confirmam estes achados e ainda demonstram que o escore de recorrência é superior aos outros parâmetros clínicos usados para definir o prognóstico neste subgrupo de pacientes.

Links para o teste:

www.oncotypedx.com
www.mammagne.com.br

Obesidade e resposta à qimioterapia neoadjuvante e

Diversos estudos apontam para uma influência negativa do sobrepeso e obesidade nas taxas de resposta à QT em pacientes com ca de mama. Contudo, estes dados são conflitantes.
Em estudo recente, pesquisadores do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do TExas, avaliaram os dados de 1169 pacientes com câncer de mama, classificadas através do índice de massa corpórea (IMC) em obesas (IMC>30Kg/m2), sobrepeso (IMC entre 25 e 30 Kg/m2) e normais/abaixo do peso (IMC < 25 Kg/m2). Todas as pacientes foram submetidas à quimioterapia neoadjuvante (administrada antes da cirurgia). Foi então avaliada a taxa de resposta patológica das pacientes à QTn- completa ou parcial. A resposta patológica completa (pCr é considerado um fator de bom prognóstico do tratamento com quimioterapia)
Entre os principais achados do estudo:
- Mais pacientes obesas ou em sobrepeso se apresentaram inicialmente com tumores avançados e com perfil imunohistoquímico considerado agressivo ("triplo negativo")
- A presença de sobrepeso ou obesidade se associou à pior sobrevida global e à menor taxa de resposta completa. entretanto, não houve influência nas taxas de morte câncer-específicas
- O estudo carece de dados detalhados das doses aplicadas. Sabe-se que os médicos tendem a prescrever doses abaixo do calculo por superfície corpórea para pacientes obesas por temor de superdosagem.

Abertura do Fórum

Abro hoje este blog para discussões e dúvidas acerca do Câncer de mama, seu diagnóstico, tratamento e troca de experiências